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segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Empreendedorismo quilombola contribui para renda e resistência de comunidade em Alagoa Grande

Turismo, agricultura e música são a base da economia de três comunidades quilombolas da Paraíba. Os quilombos Cruz da Menina, em Dona Inês; Senhor do Bonfim, em Areia; e Caiana dos Crioulos, em Alagoa Grande; desenvolvem atividades que movimentam a economia da comunidade e contribuem para a resistência desses territórios e suas tradições,


A série de reportagens "Quilombo: o empreender preto na Paraíba", da Tv Cabo Branco, visitou os três quilombos, no Curimataú, no Brejo e Agreste da Paraíba, para mostrar empreendimentos desenvolvidos pelas comunidades para geração de renda.


De acordo com a presidente da Associação de Apoio aos Assentamentos e Comunidades Afrodescendentes da Paraíba (Aacade/PB), Francimar Fernandes, atualmente existem 46 comunidades no estado e apenas cinco delas possuem o território reconhecido pelo Governo Federal. 

“Eles desenvolvem bastante atividades no território, como agricultura familiar, turismo de base comunitária, economia solidária. São caminhos para que eles possam fortalecer economicamente o território, permanecer no local e desenvolver sua identidade”, afirma Francimar.

Ainda segundo Francimar, que também é cientista social, ressalta que através da economia que a comunidade mostra que possui condições dignas de permanecer nessas localidades.


Comidas típicas e dança estimulam turismo em Caiana dos Crioulos


O quilombo de Caiana dos Crioulos está localizado a 18 km do centro de Alagoa Grande, no Agreste da Paraíba. Desde maio de 2005, quando a Fundação Palmares reconheceu a região como quilombo, a comunidade despertou para a possibilidade de ser um roteiro turístico. As comidas típicas e também a dança são as principais ferramentas para atrair quem quer conhecer um pouco do lugar.

Comunidade Quilombola Caiana dos Crioulos


O visitante pode acompanhar a tradição gastronômica da comunidade. Um dos pratos típicos do local é o "quarenta". Rita Miguel, uma das moradoras, disse em entrevista que aprendeu a receita com familiares.


"Aprendi a fazer quarenta desde os tempos da minha avó. Não sabia o que era bolacha, nem o que era pão, e a minha avó botava água no fogo, sal, e misturava a massa de milho e fazia o famoso prato", disse.


A moradora explicou que o processo de fazer o "quarenta" é uma forma de resgatar um pouco da cultura quilombola do local, para fazer com que as gerações passadas não sejam esquecidas. "É um resgate que eu acho que vai durar para muitas gerações", relatou.

Outra forma de conhecer a cultura do povo de Caiana dos Crioulos é entrando no ritmo da dança. Isso porque os moradores expressam as próprias vivências por meio da musicalidade. A comunidade, inclusive, já gravou três CDs e um DVD com as principais músicas de ciranda. Ao todo, são mais de 100 composições gravadas.


"No primeiro CD que a gente fez, botamos 70 músicas, e tem muito mais. Nós temos mais de 200 músicas de ciranda. Agora não podemos deixar que isso acabe. Sempre digo os jovens, as crianças, para não deixar isso acabar, porque um vai morrendo e o outro vai ficando", explica Cida de Caiana.


Por conta dessa efervescência artística e gastronômica, a comunidade de Caiana dos Crioulos já começou a construir uma estrutura coberta, feita de concreto, além de barracas para artesanato e venda de comidas. No entanto, ainda é preciso incentivo financeiro público para terminar as obras.


"Então a gente tá com esse palhoção aí, pedindo ao povo que nos ajude a fazer, a construir essa estrutura, para que quando for no dia 26 de novembro, possamos fazer nossa apresentação ali dentro, porque tem muita gente e precisamos ter o nosso lugar", finalizou Cida.



G1/PB

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