Assim que foram apresentados pelo locutor em quadra, Alison Cerutti e Bruno Schmidt levantaram a galera. O Mamute abriu os braços e pediu apoio. O público foi ao delírio e correspondeu. Parecia um estádio de futebol. Parecia um caldeirão. E nem a chuva que caía forte na Arena de Vôlei de Praia, em Copacabana, no início da madrugada desta sexta-feira, foi suficiente para esfriar o calor e a energia que emanavam dos donos da da casa na decisão contra os italianos Nicolai e Lupo. E foi nesse clima que o Brasil ganhou mais dois novos campeões olímpicos. Com o placar de 2 a 0, parciais de 21/19 e 21/17, na raça e no coração, o capixaba e o brasiliense garantiram a medalha de ouro nas areias de Copacabana. Podem soltar o grito de "É campeão!", podem bater no peito, podem comemorar muito.
A medalha de bronze ficou com os holandeses Brouwer e Meeuwsen, que marcaram 2 a 0, parciais 23/21 e 22/20, nos russos Viacheslav Krasilnikov e Konstantin Semenov. É a primeira medalha olímpica da história do país no vôlei de praia.
O JOGO
O jogo seguiu equilibrado. Duas falhas do Mamute deixaram tudo igual em 17 a 17. Mas ele se redimiu com uma bomba. A Itália voltou à dianteira na sequência, mas o capixaba empatou. Nicolai mandou a bola longe e cedeu o set point. O Brasil não desperdiçou. Foi no "Monster Block" ("Bloqueio Monstro") de Alison – a expressão que virou sensação entre a torcida na Arena de Vôlei de Praia para se referir aos bloqueios – que eles fecharam em 21 a 19.
No segundo set, Nicolai começou pontuando no bloqueio, mas Alison deu o troco. Pouco depois, o camisa 1 italiano discutiu por um tempo com o juiz, alegando que o Mamute tinha tocado na rede na hora em que foi bloquear, mas as imagens do telão deram razão ao Brasil, que empatou. Um ace de Alison virou. A Itália empatou, mas Nicolai mandou seu serviço na rede. A virada europeia veio no erro de ataque do capixaba, e o 6 a 4, no toquinho de Lupo. Após longo rali, o Mamute fez o Brasil chegar mais perto com uma bomba no número 1 italiano. As duplas passaram a fazer um jogo mais equilibrado, mas os visitantes ainda estavam na dianteira (9 a 6).
Alison parecia um pouco atônito, postura diferente da que demonstrou no primeiro set, mas o apoio que ele pediu à torcida na parcial anterior veio sem que ele precisasse falar nada no segundo. Os brasileiros começaram a gritar, a escola de samba Unidos da Tijuca embalou o ritmo, e o Mamute acertou duas bolas em sequência. Os italianos até reagiram, mas o Brasil passou a frente em 16 a 14. A partir daí foi um frenesi na Arena de Vôlei de Praia. A defesa incrível de Bruno e o toque com categoria logo na sequência abriram 19 a 15. O Mamute acertou o bloqueio, mas o árbitro deu ponto da Itália, pois ele bateu na rede. Nicolai errou o saque, e o Brasil chegou ao título logo depois de um bloqueio de Alison num lance confuso em que a arbitragem deu a favor dos brasileiros: 21 a 17.
A TRAJETÓRIA DE BRUNO/ALISON NO RIO
Alison e Bruno estrearam nos Jogos Olímpicos contra os canadenses Josh Binstock e Sam Schachter, em jogo válido pelo Grupo A. Lidaram com o forte vento e quebraram o gelo da estreia para vencer por 2 a 0 (21/19 e 22/20). O segundo jogo foi o pior dos brasileiros e marcou a única derrota da parceria na campanha. Usando uma tática de sacar somente em Schmidt, Doppler e Horst, da Áustria, venceram por 2 a 1, parciais de 23/21, 16/21 e 15/13.
A terceira partida da primeira fase foi contra os italianos Alex Ranghieri e Adrian Carambula. O Brasil não caiu na provocação do segundo, que apontou para genitália e se virou na direção do público. A dupla superou uma lesão do Mamute para vencer por 2 a 0 (21/19 e 21/16).
GE