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sexta-feira, 14 de maio de 2021

Areia, cidade bonita e floreada por sua gente, enfrenta a escassa visão municipal acerca da cidadania organizada

A cidade de Areia, localizada na região do brejo paraibano, conseguiu esse feito inusitado em nosso país, superando a cultura política colonialista do atraso. De forma surpreendente, tornou-se um destino referencial em turismo criativo e de experiência, encantando seus moradores, visitantes e turistas com seu charme, clima bucólico, gente generosa, além de atrativos cativantes e criativos que atuam de forma cooperada para o desenvolvimento local sustentável.

Por trás desse reconhecimento, existe uma história de união, trabalho e amor pela sua terra, onde a ATURA (Associação de Turismo Rural e Cultural de Areia) possui um papel fundamental na organização de iniciativas de fortalecimento turístico e territorial, como em sua participação decisiva no Projeto “Uma Rosa na Janela”, resultado de uma linda e empolgante construção coletiva entre as cidades do Brejo. Esta ação gerou enorme impacto midiático, mostrando a força da organização e cooperação dos atores locais na construção de sua cidadania e projeto de cidade.

Foi com esse espírito que o município conquistou o mérito de cidade bem cuidada e mimosa, onde o setor público, mundo privado, universidades, institutos técnicos e sociedade civil se deram as mãos para fazer de Areia uma cidade melhor de se viver. O Mercado Público Municipal tornou-se um atrativo turístico encantador, dando palco à cena criativa local/regional e realizando eventos originais, a exemplo do Sábado Cultural.

Como náufragos de si mesmo, em busca da vitória vazia e mendiga, a atual gestão municipal retirou todas as flores, bambus, jarros e bancos carinhosamente colocados pela Atura nas calçadas e postes da cidade (deixando-a nua e entristecida pelo covarde gesto), alegando cumprir uma ação do Ministério Público de 2010 sobre “desobstrução das calçadas referente a placas de comércio e tendas”, quando a gestão passada já havia cumprido com o determinado em dezembro de 2020. Detalhe: todas as benfeitorias foram feitas sem dinheiro público, fato raro em nosso país. E ainda mais incomum: a ação foi realizada de forma conjunta pelas lideranças locais do turismo (pequenos, médios e grandes empresários) que se uniram para sonhar e realizar mudanças positivas no ambiente urbano da cidade.

O que poderia justificar a retirada de charmosos bambus – encapando postes cinzas e sem graça – que imprimiam um ar bucólico à cidade? Como não dar continuidade a ações bem-sucedidas, amplamente discutidas, validadas e pilotadas pela sociedade civil organizada? Como uma gestão pública pode arbitrariamente vetar a beleza das flores?

Os turistas e visitantes de Areia não cansavam de elogiar a beleza das jardineiras e dos bancos convidativos ao descanso e à contemplação. O aroma das flores e a paz que o belo proporciona deixavam a cidade mais feliz e harmônica. Além dos mimos ambientais retirados, desconsiderou-se o intenso trabalho coletivo de sensibilização e educação junto à população areiense, que gradativamente aumentava seu orgulho e sentido de pertencimento, com alunos, comerciantes, servidores públicos, empresários, turistas e visitantes admirados com a beleza e charme da cidade de Areia.

Essa atitude da gestão pública fere os sentimentos dos munícipes e de todas as pessoas sensíveis a processos coletivos e amor à natureza. Destruir plantas e sonhos, ignorar a beleza das flores, tripudiar de um trabalho feito com amor, recursos suados e generosidade de uma população que ama e se orgulha da sua terra, constitui uma vergonha e falta de respeito com os areienses e frequentadores desse apaixonante destino turístico.

Urgem providências e a Atura, exemplo de luta associativa e empreendedora, segue firme com seu protagonismo na organização social, fortalecimento da economia local e promoção do bem-estar coletivo do povo de Areia.

A Recria – Rede Nacional de Experiências e Turismo Criativo apoia essa causa, somando esforços e cumplicidade para reverter este infortúnio. A beleza das flores e a força da cooperação hão de vencer.

Karina Zapata
Cofundadora e Conselheira da RECRIA

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