O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Donald Trump avaliam realizar uma reunião presencial ainda este ano, possivelmente em um país neutro. Antes disso, são esperados contatos telefônicos entre os dois líderes.
Segundo integrantes do governo brasileiro, as tratativas para o encontro ainda estão em estágio inicial. A avaliação interna é de que uma visita de Lula aos Estados Unidos, ou de Trump ao Brasil, é pouco provável, o que torna mais viável uma reunião em território de um terceiro país.
Lula tem duas viagens internacionais programadas para este ano. Uma delas é para a Malásia, entre os dias 26 e 28 de outubro, onde participará da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Trump foi convidado para o mesmo evento, e caso confirme presença, existe a expectativa de que o encontro entre os dois ocorra nesse contexto.
Ambos também são esperados na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), na Coreia do Sul, o que representa outra possível oportunidade para uma reunião bilateral.
O breve contato entre os presidentes ocorreu na manhã da última terça-feira (23), antes do discurso de Trump na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Na ocasião, Trump sugeriu um diálogo para a semana seguinte, proposta que foi aceita por Lula. O presidente americano declarou ter gostado do brasileiro e mencionou ter tido "excelente química" com o petista.
Dentro do governo brasileiro, o gesto foi interpretado como positivo, mas há receio de que Trump utilize o encontro como ferramenta de pressão ou até humilhação, comportamento já registrado em ocasiões anteriores com outros líderes, como o ucraniano Volodimir Zelenski.
As relações entre Brasil e Estados Unidos atravessam um período de tensão. Recentemente, Washington impôs tarifas a produtos brasileiros e sancionou membros do governo e do Judiciário, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes — em sinal de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Auxiliares de Lula acompanham com cautela os desdobramentos das tratativas, atentos à necessidade de manter o diálogo em moldes estritamente diplomáticos. A confirmação da reunião depende de agendas e da evolução das relações bilaterais nas próximas semanas.